“Saudade é uma palavra tão singular e intensa do idioma português, que reflete o sentimento de ausência e nostalgia, e traduz as emoções da lembrança de alguém, de um lugar ou algum momento vivenciado. Nos faz reviver memórias, muitas vezes de forma melancólica e triste quando associadas à perdas, ou como expressão de alegria e amor pelas boas lembranças,” explica a curadora Ana Carolina Azevedo.

Ao longo de quatro anos, Roberto Vamos percorreu herdades no Alentejo em busca de personagens singulares para os seus retratos de seres que costumamos ignorar ou tratar como “recurso natural” em vez indivíduos que merecem nosso respeito e agradecimento pelo bem que nos fazem. O sobreiro, tão importante árvore do ecossistema do montado português, ganha ênfase notória ao ser captado entre a bruma da manhã, na nostalgia de uma paisagem bucólica, dos séculos que a história carrega.

 “O que me fascina nestas árvores são as formas que apresentam tanto alimento para a imaginação. Olhar para estas árvores é como olhar para as nuvens e enxergar outras coisas que a imaginação cria para o mundo,” declara Roberto Vamos.

 A série já recebeu vários prémios internacionais, inclusive medalhas de bronze da Prix de la Photographie Paris e da Tokyo International Foto Awards. Os sobreiros de Roberto Vamos também já foram selecionadas para exposição na Royal Geographical Society, em Londres, e na Arte Laguna, em Veneza.

 Já no trabalho performativo da artista Ânia Pais, a floresta toma outra forma e salta da captura da fotografia para a composição de nosso imaginário, em milhares de linhas em preto e branco do trabalho, onde a experiência da paisagem é a fonte de inspiração e nos faz imergir e envolver a estes sobreiros no espaço cenográfico, sob a luz dos candeeiros dos salões do Palácio Biester. Ânia Pais, natural da Ilha de São Miguel, é finalista da 8ª edição do Prêmio Arte Jovem Millenium BCP e seu trabalho já fez parte de inúmeras exposições por Portugal e no estrangeiro.

“Somos o resultado de todas as experiências que vivemos e do conhecimento que adquirimos, mas especialmente, das linhas com que desenhamos o amanhã e das cores que pintamos os nossos sonhos. Debaixo de um sobreiro português, a exposição propõe o olhar para o horizonte, sem tristezas, apenas saudade, “completa Ana Carolina Azevedo.