Jiu-jitsu – LUGAR DE MULHER É TAMBÉM NO TATAMI
Infelizmente a onda de violência contra as mulheres aumentou bastante, e com isso, houve um aumento significativo do público feminino nas academias de jiu-jitsu. São mulheres que vão em busca de técnica para se fortalecerem e se defenderem de possíveis agressores. Nas técnicas de jiu-jitsu é possível uma pessoa com 20 quilos a menos vencer o seu oponente ou sair de situações de perigo.
Segundo historiadores, o jiu-jitsu surgiu na Índia, onde era praticado pelos monges budistas, há três mil anos antes de Cristo. como eles não podiam pegar em arma, desenvolveram técnicas para imobilizar os saqueadores durantes suas viagens. Em seguida o desporto migrou para China e logo chegou no Japão, onde foi aperfeiçoada.
No Brasil a “A Arte Suave”, tradução de jiu-jitsu, chegou em 1915 no estado do Pará através do judoca japonês, Mitsuyo Maeda, mais conhecido como Conde Koma.
Foi com o mestre Koma que Gastão Gracie conheceu as artes marciais, se entusiasmou com a novidade e levou o filho mais velho, Carlos Gracie, para fazer aulas de luta japonesa. Desde então a família Gracie trabalha no aperfeiçoamento e na difusão do jiu-jitsu.
É importante ressaltar que as técnicas do jiu-jitsu brasileiro são as mais procuradas e respeitadas nas academias mundo a fora. Seja na competição ou somente por desporto os treinadores brasileiros, em sua grande maioria, são muito capacitados a ensinar essa arte milenar.
Apesar de ser considerada uma luta suave, é também muito complexa, onde o principal objetivo não é o ataque, e sim a imobilização do oponente. Não são permitidos chutes, socos nem joelhadas. A modalidade está muito em alta entre as mulheres que vão em busca de aprender as técnicas de defesas pessoal e acabam trabalhando a confiança e a autoestima, treinando corpo e mente.
Outro grande benefício de praticar o jiu-jitsu é o emagrecimento. Em um treino, de uma hora, é possível perder até mil calorias. Alguns exercícios específicos do jiu-jitsu tonificam muito o abdômen. Mas, o mais importante é a filosofia de respeito ao adversário e de humildade que se aprende no tatami e depois se aplica na vida.
Muitas mulheres se apaixonam pelo desporto e seguem carreira de competição disputando torneios.
O Veja Cá, Veja Lá conversou com um dos maiores nomes do Jiu-jitsu feminino a campeã mundial Kyra Gracie.
Com que idade você começou no Jiu-jitsu e porquê?
Eu comecei a treinar Jiu-Jitsu aos 11 anos porque precisava aumentar a minha autoconfiança e como sou da Família Gracie sempre fui influenciada pelo Jiu-Jitsu.
O que mudou no mundo do Jiu-jitsu desde que você foi campeã mundial pela primeira vez?
O mundo do Jiu-Jitsu começou a olhar diferente para as mulheres com a minha chegada. Antes de mim, as mulheres praticamente não eram vistas, nem reconhecidas.
Qual a importância do Jiu-jitsu feminino no mundo?
O Jiu-jitsu é uma ferramenta poderosa para autoconfiança da mulher. Nosso objetivo é incentivar as mulheres a terem coragem, autoestima e autoconfiança para os desafios da vida. Nas vivências no tatami, as mulheres adquirem habilidades importantes para terem coragem de falar, de se posicionar e de agir caso sejam agredidas.
Qual o principal motivo das mulheres, hoje, se matricularem em uma academia de jiu-jitsu?
Adquirir autoconfiança e saberem se defender.
Na sua visão quais os principais benefícios do jiu-jitsu?
Autoconfiança, bem-estar e equilíbrio emocional.
Tem idade certa para começar?
Na Gracie Kore começamos aos seis meses de idade com uma equipe especializada em cada faixa etária. Mas é importante verificar ao encontrar um espaço de Jiu-Jitsu sobre quem é o professor(a) e qual a metodologia utilizada.
Um Golpe de Respeito
Recentemente Kyra Gracie virou história infantil. E o tema, claro, não poderia ser diferente: o jiu-jitsu! O lançamento do livro “Um Golpe de Respeito” (Ciranda Cultural), escrito pela jornalista Ágatha Lemos Toniolo, em parceria com a atleta e o ator Malvino Salvador, aconteceu na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. A publicação foi uma das cinco infantis mais vendidas da editora durante o evento.
Kyrinha é a personagem principal do livro, que, ao lado do amigo Titi ensina sobre respeito e os principais valores do Jiu-Jitsu, como honra, persistência e determinação. “Jiu-Jtsu é estilo de vida. Eu sempre trabalhei isso com meus alunos e tinha o sonho de entrar para o universo literário, unindo ainda mais o desporto à educação, que é no que acredito”, diz Kyra.
Texto: Rose Tomazelli
Fotos: Assessoria Kyra Gracie